sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Tudo perdido

Se pensarmos bem, só tínhamos a perder...
Perder a concentração ao pensarmos em nós
E o chão sob os pés nos abraços dados.

Perder a conta dos momentos de prazer,
O fôlego quando estivéssemos a sós
E a noção do tempo nos beijos trocados.

Mas como foi dito, não há por que sofrer
Pelo término do que nunca existiu.
Pela perda do que nunca foi nosso.

Eu busco o conforto do não era para ser,
Mas é mentiroso ou então infantil
E, me enganar fácil assim, eu não posso.

Você tem razão, não há tempo a perder.
Para deixar de ser, deve ser esquecido;
Se deixou de ser, já não é; é passado.

Mas fica a lição para se aprender:
A maior perda de quem está perdido
É perder as chances de ser encontrado.


Quando perder, não perca a lição...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Encontro de um

Chegou ao encontro: ela estava linda
Trouxe seu corpo envolto em vestido
Não era nem curto e nem era comprido
Deixava sua forma mais bonita ainda

Em seu braço trouxe uma pulseira fina
Combinando com a delicada corrente
Que repousava em seu colo o pingente
As delicadas sapatilhas da bailarina

Trouxe seu olhar e seu lindo sorriso
Seu inconfundível perfume de jardim
Trouxe tudo que me deixa em brasa

Trouxe tudo que me tira o juízo
Menos o seu amor - seu amor por mim
Esse ela deve ter deixado em casa

v.: 0.1

O bom encontro é de dois...

terça-feira, 14 de julho de 2015

Coração e olhos abertos

O que os olhos não veem, o coração não sente;
Mas o que é viver senão sentir cada emoção?
Senão provar do que a sensação tem a oferecer:
A dor, a alegria, a angústia, o prazer?
Abra os olhos e prepare o coração:
É assim que é; aceite. É assim que tem que ser.

De cabeça erguida, olhe a vida de frente.
Do que quer se proteger? De viver, de sentir?
Isso é se iludir, se enganar, se esconder.
Um certo medo é bom, sinal que há algo a proteger,
Mas proteção demais também pode ferir.
É não seguir, é ser inerte; é deixar de acontecer.

quarta-feira, 11 de março de 2015

A flor na calçada

Da rachadura nasceu uma flor
Na calçada de uma rua improvável,
Entre pedras num chão inabitável,
Sob pisadas da vida e de dor.

Nasceu decidida a se sobrepor
A qualquer barreira imaginável
E a deixar o mundo mais agradável
Com sua vida, seu perfume e sua cor.

Em suas pétalas está a beleza,
E também está em suas cicatrizes
Que anunciam cada luta vencida.

E mesmo com sua incerta certeza,
E com golpes que abalam as raízes,
Não desistirá do amor e da vida.


v.: 0.1

sexta-feira, 14 de março de 2014

Poesia

Ela é a cena que o fotógrafo via quando tudo estava escuro,
O que o pintor já enxergava na tela ainda vazia.
Ela é o toque do escultor por dentro do mármore duro,
E as notas que em sua alma o compositor já ouvia.

Ela é o verso do poeta mesmo antes dele ser fonema,
Antes de haver palavras de pesar ou de alegria.
E em todas essas obras, da fotografia ao poema,
Só há beleza e arte, se em si há poesia.
Mundo Pittônico das Ideias