terça-feira, 27 de abril de 2010

O renascer do meu eu-eu

Exatamente uma hora e trinta e quatro minutos passados do dia vinte e sete de abril de dois mil e dez, e mais uma vez a vontade de escrever o que sinto resolveu me cutucar.

Sempre nos piores momentos ela vem me perturbar, a mais inconveniente das minhas vontades. Minto, mas não vem ao caso. O fato é que ela surge porque o meu eu, o meu eu-eu mesmo - não o de fora, mas aquele de dentro, aquele que é desde as minhas primeiras lembranças, que a monotonia do cotidiano vai enterrando, que a chatice das pessoas vai apagando, que o beijo de balada e o romance por conveniência vai desbotando e deixando esquecido - vez em quando é despertado, e acorda tremendamente mal humorado. Ao contrário de mim que acorda e quer ficar calado, ele acorda e quer desesperadamente gritar. É inaceitável para ele o conformismo. Ele não quer menos que o máximo, não quer só sorrisos quando se pode ter as lágrimas, não quer só abraço quando dois podem ser um, não quer só beijo quando se pode dar e ter o coração inteiro servido em bandejas de prata.

Com sua inconformidade ele aperta meu coração miseravelmente e judia todas as minhas horas enquanto está no controle dos meus pensamentos. O pior? Eu sou uma mulher de malandro egocêntrica ou um Narciso masoquista, porque amo esse meu eu-eu. O outro eu é fachada, disfarce ou só uma proteção para conter o vazamento de sentimentos ou até mesmo um freio na expectativa para deixar a frustração mais suportável. Ele me promete o prazer infinito, o Elixir supremo, ao custo da vulnerabilidade total, da necessidade de baixar escudo, armadura, malha, camisa, pelo, pele, músculo e osso, expondo o coração a toda intempérie.

Neste exato momento ando de mãos dadas com ele. Nos mundos do meu pensamentos, nos meus universos paralelos contendo meus possíveis futuros - e quantas possibilidades - e a sua vida, a sua vontade e o amor que se propõe a dar me contagiam e me aquecem, animam minha alma e a esperança é plantada outra vez em um pequeno vaso, adubada com fé.

Coloquemos ao sol. Agora vamos esperar...
Mundo Pittônico das Ideias