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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Encontro de um

Chegou ao encontro: ela estava linda
Trouxe seu corpo envolto em vestido
Não era nem curto e nem era comprido
Deixava sua forma mais bonita ainda

Em seu braço trouxe uma pulseira fina
Combinando com a delicada corrente
Que repousava em seu colo o pingente
As delicadas sapatilhas da bailarina

Trouxe seu olhar e seu lindo sorriso
Seu inconfundível perfume de jardim
Trouxe tudo que me deixa em brasa

Trouxe tudo que me tira o juízo
Menos o seu amor - seu amor por mim
Esse ela deve ter deixado em casa

v.: 0.1

O bom encontro é de dois...

quarta-feira, 11 de março de 2015

A flor na calçada

Da rachadura nasceu uma flor
Na calçada de uma rua improvável,
Entre pedras num chão inabitável,
Sob pisadas da vida e de dor.

Nasceu decidida a se sobrepor
A qualquer barreira imaginável
E a deixar o mundo mais agradável
Com sua vida, seu perfume e sua cor.

Em suas pétalas está a beleza,
E também está em suas cicatrizes
Que anunciam cada luta vencida.

E mesmo com sua incerta certeza,
E com golpes que abalam as raízes,
Não desistirá do amor e da vida.


v.: 0.1

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Dory

Ela vive sob um encantamento
Mas sobre ele não sabe de nada
Pois é apagado de seu pensamento
Tudo que sabe, pela madrugada

Assim, ela vive cada momento
Como o primeiro e fica admirada
Com o cheiro da flor, o toque do vento
E com o prazer de ser abraçada

Faço agora dele minha esperança
Que ela se esqueça do que foi falado
E que se apague minha estupidez

Mas se apagando também minha lembrança
Peço que eu seja por ela encontrado
Novamente e pela primeira vez

v.: 0.1

terça-feira, 30 de julho de 2013

Tatuagem

Eram duas corujas lado a lado,
Sobre um galho, desenhadas no braço
Em tons de cinza e delicado traço:
Na tatuagem, ela e o namorado.

Mas quando ele viu, ficou assustado.
Não conseguiu disfarçar o embaraço.
O traço era fino, mas o erro, crasso.
Ele a criticou pelo ato impensado.

E foi assim, querendo demonstrar
Ao mundo o amor que sentia por ele,
Que ela trouxe o fim à sua relação.

Em pensar que só queria tatuar
Um pequeno sinal sobre sua pele
Do que já tatuara em seu coração.

v.: 0.1

terça-feira, 28 de maio de 2013

O sexto bit

Os cinco primeiros bits se apagando
Saem de cena para o sexto brilhar.
E brilha com um clarão estelar,
Após trinta e dois anos hibernando.

Passadas três décadas no casulo,
Abre as asas e em voo abraça o mundo,
E não quer perder nem mais um segundo,
Pois em três décadas volta a ser nulo.

Mesmo sendo taxado de tardio,
De ser como o quinto - o adolescente,
Ele apenas sorri em desafio.

É velho e é novo, cheio de planos,
Sonhos e tanta vida pela frente,
Que vai brilhar outros trinta e dois anos.

v.: 0.1

Pela versão 1000002

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A ilha deserta

Veja como brilha esse azul do mar:
Lábios de safira sempre tocando
Essa areia branca, em um beijo brando,
Da linda ilha deserta e sem par.

Todas as suas palmeiras a dançar
Ao som da brisa que passa tocando.
E é ainda maior sua beleza quando
Se banha, a noite, na luz do luar.

Enfim, no horizonte, surge um navio,
Mas a alegria logo vira dor:
A embarcação passou e não a viu.

E é dessa forma que a dor vai brotar
No peito da moça que vê o amor
Passando por ela sem aportar

v.: 0.1



e sou a ilha deserta
onde ninguém quer chegar.
[...] chorando por um navio
que passou sem lhe avistar.

 - Lenine (Miragem do Porto)


This girl tries her best everyday,
but it's all gone to waste
'cause there's no one around.
This girl she can draw, she can paint,
likes to dance, she can skate,
now she don't make a sound.

 - James Morrison (This Boy)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A dor maior

Só existe uma dor pior que a do parto
E ainda assim, aquela nem chega perto.
É pior do que ter o peito aberto
A ferro; muito pior que um infarto.

Não há anestesia que surta efeito;
Não há tratamento para essa dor;
E mesmo o tempo, seja quanto for,
Não a arrancará de dentro do peito.

Pois o tempo a ameniza, mas não cura;
Fica no coração uma amargura,
Um espinho que aflige até a mais forte.

De todas, a maior dor conhecida
É a dor da mãe que, ficando na vida,
Despede o filho nos braços da morte.

v.: 0.1

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma nova estrela

No céu dela surge uma nova estrela.
Parece mais próxima e mais brilhante.
Refletindo em seu olhar cintilante,
São duas estrelas os olhos dela.

E pensar que já fui visto por ela
Enquanto eu brilhava por um instante;
Mais eu brilhei quando foi minha amante
E esse amor tornava a noite mais bela.

Mas, agora que esse novo astro vem
E a encanta com o brilho que tem,
Sou ofuscado e meu brilho é em vão.

Daqui eu vejo o mesmo negro véu
E ela, a única estrela em meu céu,
Se apaga e me deixa em escuridão.

v.: 0.1

quarta-feira, 13 de março de 2013

Em cima do muro

Quem será você que eu tanto procuro
Que eu tanto espero, mas nem sei se existe
Não sei se reside no meu futuro
Ou se é a projeção de um passado triste

Sinto sua falta quando fica escuro
E ao amanhecer, sua falta persiste
À tarde me assento em cima do muro
Percebo que é o pôr-do-sol que me assiste

E em cima do muro fica a esperança
Ora tão segura de sua chegada
Que fecha os olhos e sonha e descansa

Ora, sem força alguma para crer
E, de viver de sonhos, tão cansada
Já não espera e só quer te esquecer

v.: 0.1

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Página em branco

Em frente a mim a página em branco
Representando a possibilidade
Do sonho que quer ser realidade
Da corrida para quem ainda é manco

Da moça que lê sentada no banco
Da praça esperando o amor de verdade
Do imigrante que chega à cidade
Do farol vermelho para o saltimbanco

É assim que encaro mais um novo ano
Um sonho imenso em semente pequena
Mas esse sonho precisa ser plano

Plano com roteiro, com ato e cena
Para que, assim, ao fechar do pano
A execução tenha valido a pena

v.:0.1

Que Deus abençoe seu novo ano
Que abençoe todo e qualquer plano
De paz e de bem no seu coração
Que te faça melhor e mais humano
E que te ajude na execução

Que em 2013 sejamos melhores.
Tanto quanto possamos ser. :)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Manhã, tarde e noite

Pela manhã seu sorriso irradia
E em tudo que faz põe seu coração
Vai entardecendo com lentidão
Para a noite ser melhor que de dia

Quando vem o inverno ela não esfria
Da primavera ela é a inspiração
Sua companhia é fresca no verão
No outono não murcha sua alegria

Passam as horas, a noite e o dia
Passa a estação e ela em sintonia
E em paz com ser o que é, não se ilude

Já eu sei apenas ser esse errante
Que é incerto, confuso e inconstante
Se eu errar dessa vez, que Deus me ajude

v.: 0.1

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O atributo mais humano

De longe, é o atributo mais humano
Nem mesmo o remorso consome tanto
Nem a mentira, que com o seu manto
Tenta cobrir o defeito e o engano

Não é a inclinação para o profano
Ou a eterna separação do santo
E pior que o do medo, pior que o do espanto
É, desse atributo, o efeito do dano

Covardemente abusa da esperança
Sugando sua força para crescer
Mas nunca capaz de gerar seus frutos

É por isso que desde de criança
O querer do que não se pode ter
É o mais humano dos atributos

v.: 0.1

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O último brilho da lua

Foi anunciado o último luar
E astrônomos deram a explicação
Magnetismo, explosão solar
Algo sobre o ar e a radiação

Ninguém na Terra pode acreditar
Poetas ficaram sem consolação
Copiosamente passou a chorar
Todo aquele que sentia paixão

A noite, aconteceu algo mágico
Bilhões de olhos prestando atenção
No céu, mas não brilhou nem uma estrela

Seria poético, não fosse trágico
Todos a almejando, chamando em vão
Só porque não poderiam mais tê-la

v.: 0.2

v.: 0.1
13 Todos a almejando de coração
- Faço, mas não sou fã de pleonasmo :(

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Saudade na caixa

Ela não aceitou só a amizade
Com tanto em comum, seria perfeito
Era tanto amor, tanta afinidade
Quis conversar, convencer de algum jeito

Se encontraram na praça da cidade
Ele apoiava contra o próprio peito
Uma caixa que guardava a saudade
E que explicava qual era o defeito

Tirou de dentro da caixa um retrato
E ela emudeceu de imediato
Ao ver cartas, bilhetes e um anel

Ele, então, contou sobre o seu passado:
Esse é o defeito que eu havia falado
Meu coração foi morar lá no céu

v.: 0.1


Opened up his little heart
Unlocked the lock that kept it dark
And read a written warning
Saying "I'm still mourning
Over ghosts that broke my heart before I met you"

[Laura Marling - Ghosts]

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Em silêncio e escondido

Te amo assim, em silêncio, escondido
Até queria ser mais barulhento
Encher o peito e declarar ao vento
Esse meu sentimento comedido

Mas o mantenho secreto e encolhido
Qualquer liberdade já é alimento
Se me descuido, se não fico atento
Ele te encontra e me deixa perdido

Mas este encontro nós já vimos antes
Dos meus olhos - vivos e apaixonados
Com os teus olhos - sempre tão distantes

Eu sei, eu não sou mais que um conhecido
E nunca seremos dois namorados
Por isso eu te amo assim, escondido

v.: 0.1

domingo, 18 de novembro de 2012

Parado no ponto

Ele estava, como sempre, atrasado
Ia apressado em direção ao ponto
Mas por ser um tanto desajeitado
Trombou numa moça e sentiu-se um tonto

Ela riu do seu jeito atrapalhado
E assim se gostaram de bate-pronto
No ônibus, sentaram lado a lado
Tudo surpreendente, como em um conto

Mas logo chegou a sua parada
E no meio do tchau meio apressado
Nem o telefone ele anotou

Desde então acorda de madrugada
E bem cedo está no ponto, parado
Porém nunca mais ele a encontrou

v.: 0.1

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Pensando em você

Quando, em você, eu me pego pensando
É como abdução para o seu mundo
É como cair num poço sem fundo
Perdido no tempo, eu vou mergulhando

Vejo a inocência em seu sorriso brando
Vejo a malícia em seu olhar profundo
Desejando o beijo a cada segundo
E sem me importar onde, como ou quando

Mas uma voz chama ou o despertador
Ou o telefone passa a tocar
Muda o cenário em volta de mim

De volta ao meu mundo sem sua cor
A gravidade volta a funcionar
E mais uma vez eu caio em mim

v.: 0.1

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A última sessão

Esperou até a última sessão
Por ele que estava muito atrasado
Ela telefonou, deixou recado
Ele não retornou sua ligação

Tentou disfarçar sua decepção
De ter novamente se magoado
E de mais uma vez ter confiado
A outra pessoa o seu coração

E para piorar sua noite sofrida
Seu ônibus não saía do lugar
Uma ambulância parava a avenida

Os socorristas tentavam em vão
Mas já não podiam reanimar
O corpo ao lado da rosa no chão

v.: 0.1

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Nos sonhos

Nos meus sonhos ela é apaixonada
Ela corre e sorri quando me vê
Pra ela, estar comigo é como se
Vivesse sempre sonhando acordada

Nos sonhos dela, ela é sempre amada
Por mim, sem ser necessário um porquê
E no nosso abraço ela sente que
Fora dele não deve haver mais nada

Nos nossos sonhos nós nos conhecemos
E brincando com a imaginação
Inventamos conversas e passeios

E a culpa é dessa esperança que temos
De nos encontrarmos na multidão
Sem ser nos sonhos ou em devaneios

v.: 0.1

"Les temps sont durs pour les rêveurs"

domingo, 2 de setembro de 2012

Valsa dos loucos

Os que passavam paravam pra ver
Os loucos andando na contra-mão
Mãos unidas, pontas dos pés no chão
E uma alegria que não deu pra entender

Cena cômica, para não dizer
Bem humilhante, na opinião
Dos olhos críticos da multidão
Que tanto tentavam os constranger

Mas o maluco casal não parava
Nem mesmo percebia a gozação
Dos outros, a cada giro que dava

Eles só sorriam e se abraçavam
E continuavam ao som da canção
Que só ouviam os dois e dançavam

v. 0.1

E aqueles que foram vistos dançando foram julgados loucos por aqueles que não podiam ouvir a música.
- quem sabe ao certo?
Mundo Pittônico das Ideias